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Líder indígena recebeu ameaças na véspera do assassinato, diz Cimi – Agência Brasil

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota em que pede rigor na investigação do assassinato dos guarani kaiowá Ñandesy Sebastiana Galton, 92 anos de idade, e de seu companheiro, Rufino Velasquez, ocorrido na segunda-feira (18), e ressaltou que as vítimas receberam ameaças dias antes do crime. A mensagem foi divulgada nesta terça-feira (19).

Os corpos da líder espiritual e de seu companheiro foram encontrados carbonizados na casa onde viviam, na Terra Indígena (TI) Guasuti, no município de Aral Moreira (MS). Segundo o Cimi, a informação sobre as intimidações chegaram por meio de familiares das vítimas, que contaram como estava a situação no local a uma equipe da entidade.

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Cimi pede recomposição de comissão que acompanha crise yanomami.STF retoma julgamento sobre marco temporal de terras indígenas.Relatório aponta desafios de territórios indígenas.Os parentes de Ñandesy e Velasquez relataram que o clima de tensão e iminência de ataques fez com que o casal mudasse a rotina, tendo que se recolher em casa ainda durante o dia, e que os conflitos por terra e a intolerância religiosa na região pioraram durantes os últimos meses.

Ainda de acordo com o Cimi, membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem a casa incendiada. Para a comunidade, resta também preocupação quanto a violação do xiru da líder espiritual, uma espécie de oratório, que, na crença de seu povo, encerra seres e poderes que, se queimados, espalham doenças e males.

A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, ressaltou nesta terça-feira (19) que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos, em um contexto que a entidade entende como fruto de “discursos coloniais de ódio”, reproduzidos no estado.

“Isso demonstra que a violência seguida de homicídio/feminicídio que dona Sebastiana e seu Rufino foram vítimas não é apenas uma tragédia individual, mas também uma realidade violenta enfrentada por muitos rezadores e guardiões das ancestralidades indígenas Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul”.

A Kuñangue Aty Guasu disse em nota que “repudia qualquer forma de violência, principalmente aquela perpetrada contra mulheres, meninas, anciões e anciãs indígenas. Esse crime bárbaro é inaceitável e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa”.

Também nesta terça-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que cumpre agenda em Nova York, disse, em vídeo veiculado no perfil oficial que a pasta mantém no Instagram, que “não basta lamentar” e que o governo está acompanhando o caso, inclusive pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e pedindo maior agilidade nas investigações. “É uma região com muitas situações semelhantes [à ocorrida]”, afirmou.

O caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Militar do estado.

A unidade de Ponta Porã da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou que um suspeito, cuja identidade não foi revelada, foi identificado e detido.

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