Apesar de diversas tentativas de obstrução, a investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, foi séria, correta e chega a um lugar importante. Mas ainda é preciso investigar o que se descobriu a partir do assassinato. A avaliação é do presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e ex-deputado federal Marcelo Freixo, que tinha estreita ligação com Marielle, que foi sua assessora por dez anos.
Freixo é o entrevistado desta terça-feira (11) do programa DR com Demori, que vai ao ar às 23h, na TV Brasil. No programa, o jornalista Leandro Demori também conversa com Freixo sobre a atuação das milícias no Rio de Janeiro.
Ronnie Lessa detalha assassinato de Marielle em novos depoimentos.Defesa de delegado pede retirada do caso Marielle do Supremo.Delegado Rivaldo Barbosa presta depoimento sobre caso Marielle.Para Freixo, o assassinato de Marielle “destampa um bueiro” muito grave da segurança pública do Rio. “Aquilo que é desnudado no caso Marielle, independentemente do mandante, da motivação, tem que ser investigado, não na mesma apuração. Mas o Brasil não pode achar que tudo o que se revelou durante o caso Marielle está resolvido”, acrescenta, destacando que o assassinato da vereadora foi um crime contra a democracia.
Para ele, a investigação foi carregada de problemas, com cinco delegados em cinco anos. “Quando os delegados começavam a se aproximar de algum lugar mais estratégico, eram trocados. Então, estava na cara que tinha uma obstrução política para não deixar chegar”. Na avaliação de Freixo, quando a Polícia Federal entrou na investigação, os resultados começaram a aparecer. “Mas eles tinham cinco anos de destruição de provas por quem sabe destruir provas”, completa.
Na entrevista, Freixo também comparou as milícias que atuam no Rio de Janeiro com a máfia, especialmente a italiana, pois elas têm origem no poder. “A milícia nasce no palácio, ela nasce como projeto de poder. É quando o crime tem um projeto de poder e utiliza a policia para um fim político de uma elite corrupta. Por isso que o problema da milícia não é só da polícia, é da política”, diz Freixo, que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando era deputado estadual.
O relatório da comissão foi apresentado por Freixo em diversos países, em busca de apoio para o cumprimento das medidas. “Na Alemanha, por exemplo, tive muita dificuldade de que o Parlamento entendesse o que era a CPI, porque eles não conseguiam compreender o que era um estado leiloado. O último país que visitei foi a Itália. Lá eu começava a falar e eles rapidamente entendiam como funciona, porque havia uma semelhança muito clara entre o que a Itália tinha vivido com o crime e o que a gente estava vivendo”, disse.
O programa Dando a Real com Leandro Demori, ou “DR com Demori”, traz personalidades para uma conversa mais íntima e direta, na TV Brasil. Já passaram pela mesa nomes como o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, a deputada federal Erika Hilton, a cantora Zélia Duncan e o fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters.
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