Categories: Diversos

Pandemia acentua insegurança alimentar para pessoas trans – Agência Brasil

Sete em cada dez pessoas transgênero enfrentaram insegurança alimentar durante a pandemia de covid-19. Para um quinto do grupo minoritário, o quadro foi severo, já que não tinha condições de fazer todas as refeições do dia, nem como comprar alimentos, passando fome.

É o que comprova estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), publicado hoje (10), no periódico científico Plos One.

Notícias relacionadas:

Ato reivindica direito de pessoas trans existirem em todos os lugares.Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans no mundo, diz dossiê.Como forma de averiguar o cenário, a equipe de cientistas analisou relatos de experiências de 109 pessoas, por meio de um questionário. Os participantes, que responderam de modo voluntário, eram de todas as regiões do país, sendo a maioria negra.

O critério aplicado para se definir o estado de insegurança alimentar foi o da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que entende como contextos em que o acesso ao alimento está sob ameaça. Isso significa quantidades insuficientes de comida, medo de o alimento acabar e a falta de estabilidade no fornecimento. Também se enquadra na classificação a inadequação da comida disponível, do ponto de vista cultural e/ou nutricional.

Mortes

Sávio Marcelino Gomes, autor principal do artigo,  nutricionista e docente da UFPB, destaca que a comunidade trans é uma das mais vulneráveis. “O Brasil, apesar de a gente ter alguns avanços na saúde, como o processo transexualizador e de existir uma política nacional de saúde para a população LGBTQIA+, de forma geral, é também o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo”, assegura.

O pesquisador comenta que, ao não poder entrar no mercado de trabalho, por conta da discriminação, chamada, nesse caso, de transfobia, as pessoas trans acabam em uma circunstância de suscetibilidade quanto à alimentação, camada que se soma à da fragilização por meio da violência. Gomes faz, ainda, uma crítica aos dados sobre a população trans que se tem, atualmente, à disposição no Brasil.

“À medida que sofrem rejeições de empregos, sofrem violências dentro do mercado de trabalho, do setor da educação e também na área de assistência em saúde, quando tentam acessar a atenção primária, essas pessoas sofrem também experiências de estigma, e tudo isso junto, coloca essas pessoas em uma posição social de vulnerabilidade aos piores males que nossa sociedade tem. E a fome é um deles, apesar de a gente não [ter] esse resultado de forma nacional, porque nossos inquéritos, por muito tempo, também não mostram essa população. É uma população que está invisibilizada”, afirma Gomes, que é doutor em saúde pública.

Share

Recent Posts

Confronto entre garimpeiros e Polícia Federal termina com cinco mortos – Agência Brasil

Um confronto na Terra Indígena Sararé, em Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, que começou…

4 horas ago

Distrito Federal registra chuvas isoladas após 157 dias de seca – Agência Brasil

Moradores de algumas regiões do Distrito Federal comemoraram a chegada da chuva, após 157 dias…

4 horas ago

Botafogo-SP arranca empate de 1 a 1 com o Vila Nova em Goiânia – Agência Brasil

Em jogo transmitido ao vivo pela TV Brasil, o Botafogo-SP arrancou um empate de 1…

4 horas ago

Brasil dialoga com Líbano sobre possível repatriação de brasileiros – Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, discutiu neste sábado (28) com o chanceler do…

5 horas ago

Mulheres fazem ato no Masp no Dia de Luta pela Legalização do Aborto – Agência Brasil

Centenas de mulheres realizaram uma manifestação em defesa da legalização do aborto em frente ao…

6 horas ago

Prefeitura de SP marca presença em evento voltado ao público 50+ – Agência Brasil

A Prefeitura de São Paulo participa da sexta edição da Expo Longevidade, que acontece de…

7 horas ago