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Peça achada no DOI-Codi pode ser de período mais recente – Agência Brasil

A cerâmica achada pelos pesquisadores que fizeram escavações por 13 dias no prédio onde ficava o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) pode ser de um período mais recente do que inicialmente se pensava. A peça foi encontrada no subsolo da edificação, em meio a terra de tonalidade escura e com alta concentração de carvão, o que indica a presença de resíduos domésticos.

O DOI-Codi serviu à ditadura militar, instaurada com o golpe que derrubou João Goulart da presidência da República em 1964. Sob o comando do Exército, o local, que fica no bairro Vila Mariana, era o destino de pessoas que se levantavam contra a ditadura, sendo ali submetidas a sessões de tortura, prisões ilegais, estupros e até mesmo sendo executadas. Também há registros de presos políticos que permaneceram em cárcere no DOI-Codi e desapareceram, sem que muitas de suas famílias jamais soubessem de seu paradeiro.

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Ex-preso volta a DOI-Codi para fazer relatos do que viveu na ditadura.Estudantes se espantam com indiferença pelo que se passava no DOI-Codi.Pesquisadores encontram vestígios que podem ser de sangue no DOI-Codi.As informações sobre a cerâmica foram repassadas à Agência Brasil pela coordenadora Cláudia Plens, da área de Arqueologia Forense. Segundo a pesquisadora, há pouca possibilidade de a cerâmica, que deve ser indígena, pertencer ao período da pré-história, por causa do tipo de decoração que a caracteriza. A avaliação é do professor Astolfo Araujo, que exerce livre docência no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

“Como as construções no bairro são relativamente recentes, é possível que se tratasse de uma casa muito antiga, relacionada a alguma fazenda. Vamos realizar análises químicas para caracterizar melhor esse solo. De todo modo, trata-se de uma descoberta bastante interessante e que pode ajudar a entender a ocupação antiga da cidade fora da área central”, acrescentou Cláudia, que leciona arqueologia histórica no departamento de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

De acordo com informações do Ministério Público de São Paulo, os pesquisadores estimam que 7 mil pessoas passaram pelo DOI-Codi. O local, entre a criação do destacamento e o fechamento, funcionou de 1969 a 1983.

O grupo de pesquisadores conseguiu desengavetar o projeto, concebido há anos, somente agora, após 14 negativas de agências de fomento à pesquisa. As instituições que financiam a iniciativa são a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Entre as bases para reconstituir a história do DOI-Codi estão os relatos das vítimas, e a meta dos acadêmicos é coletar cerca de 80 depoimentos, o que está sendo feito com a ajuda de voluntários, em virtude das limitações de orçamento.

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